A revolta dos Malês foi um levante de escravos ocorrido em Salvador, Bahia, no ano de 1835. Os Malês eram escravos islâmicos nascidos na África e trazidos para o Brasil, principalmente da região onde atualmente se encontra a Nigéria. O levante foi planejado em segredo por meses, e sua data inicialmente prevista para 25 de dezembro acabou sendo adiada para a madrugada do dia 24, quando os escravos armados com facões e lanças, liderados por alguns alfaiates e pedreiros livres, iniciaram ataques em diversos pontos da cidade. Os revoltosos pretendiam tomar a cidade e libertar os escravos, impondo um governo baseado na sharia, a lei islâmica. No entanto, a revolta acabou sendo rapidamente contida pela polícia e pelos proprietários de escravos. Estima-se que cerca de 80 escravos foram executados, enquanto outros foram deportados ou vendidos para longe da Bahia. A revolta dos Malês teve um forte impacto na população brasileira da época, especialmente entre as elites escravocratas, que passaram a temer as possíveis influências religiosas e políticas dos escravos islâmicos. Além disso, a revolta contribuiu para abrir um debate público sobre a escravidão e a forma como os escravos eram tratados no Brasil.